03 novembro 2009

Faleceu Claude Lévi-Strauss

Faleceu na passada madrugada de Sábado para Domingo, com 100 anos de idade, o antropólogo que mais ouvi falar e estudei no meu primeiro ano de Universidade, precisamente na disciplina de Antropologia Geral.




Lévi-Strauss foi um dos grandes intelectuais franceses do século XX e lançou as bases da Antropologia moderna. Foi o primeiro membro centenário da Academia Francesa, para onde entrou em 1973. E foi também um crítico do etnocentrismo e de algum modo um precursor intelectual do movimento ecologista.

Foi também o primeiro antropólogo na Academia Francesa, a cujas sessões se deslocava regularmente até há não muitos anos.

Filho de judeus franceses, nasceu na Bélgica, em 1908, mas mudou-se para França ainda em idade de estudar no liceu. Depois, na Sorbonne, em Paris, estudou Direito e Filosofia, tendo sido professor desta última disciplina no ensino secundário.

Em 1935 foi para o Brasil. Aceitou um lugar como professor de Sociologia na Universidade de São Paulo, onde começou a sua carreira de etnólogo. Naquela época, havia milhares de índios nos subúrbios da cidade, o que lhe permitiu dedicar os fins-de-semana à sua nova disciplina.

Partiu mais tarde para o Mato Grosso e a Amazónia, onde contactou muitas tribos. Depois também estudaria índios norte-americanos.

Em “As Estruturas Elementares do Parentesco”, sua primeira obra de grande projecção, publicada em 1949, forneceu um novo método de análise que se tornou comum a muitos antropólogos. A tese do livro é que o "parentesco" está no centro da Antropologia que estuda o homem na sua dimensão social. E aqui o parentesco é entendido como as regras de aliança, de filiação, de residência ou de perpetuação das populações.

A sua obra mais marcante, “Tristes Trópicos”, chegou em 1950. Trata-se de uma autobiografia intelectual que recebeu o Prémio Goncourt e teve êxito também junto de um público muito para além da comunidade científica. E, em 1958, Antropologia Estrutural abre o caminho ao estruturalismo, a nova corrente do pensamento de que foi o principal teorizador, aplicando ao conjunto dos factos humanos de natureza simbólica um método que procura as formas invariáveis existentes em conteúdos diferentes. No ano seguinte era titular da Antropologia Social no Collège de France, de onde se reformou em 1982.

Lévi-Strauss criticou também o aparecimento de uma corrente de pensamento humanista que secundarizou a natureza, tornando-se assim num precursor do movimento ecologista.

Numa entrevista em 2005, Lévi-Strauss disse: "Dirigimo-nos para uma espécie de civilização à escala mundial (...) Estamos num mundo a que já não pertenço. Aquele que conheci, aquele de que gostei, tinha 1500 milhões de habitantes. O mundo actual tem seis mil milhões de humanos. Já não é o meu."

Fonte: O Público

1 comentário:

Anónimo disse...

symbol move tightly whoever mcluhans fundamentals divpa reinforcing aerospace meccas typologies
semelokertes marchimundui