26 junho 2008

Dia Internacional de Luta Contra a Droga

Um em cada cinco europeus já experimentou canábis durante a sua vida e 13,4 milhões consumiram esta droga no último mês, revela um estudo do Observatório europeu das drogas hoje publicado.
Neste estudo sobre a «canábis», uma monografia de 700 páginas publicada por ocasião da Jornada Internacional da Luta contra a Droga, especialistas fazem o ponto do «fenómeno cultural controverso» que representa hoje a utilização de canabis.


A toxicodependência apresenta-se, deste modo, como uma categoria heterogénea porque, por um lado, os toxicodependentes não podem ser considerados iguais visto que aquilo que ‘empurra’ uns para o mundo das drogas não é o mesmo para outros, isto é, são diversas as variáveis que levam um indivíduo a drogar-se, variáveis essas que podem não afectar de igual modo um outro indivíduo. Por outro lado, está um conjunto de representações sociais e discursos que se vão proliferando em torno da toxicodependência por parte da sociedade. Esta, na pessoa de cada indivíduo, tem diferentes modos de encarar e tratar o problema da toxicodependência. É, sem dúvida, uma realidade deveras complexa tendo em conta a sociedade no seu geral, assim como os indivíduos que consomem, que substâncias consomem e que contextos os levam a consumir e onde consomem! A toxicodependência é, assim, uma realidade que nos toca a todos.

O fenómeno toxicodependência é visto por toda a sociedade com um problema social que urge combater, sobretudo tendo em consideração que afecta em maioria a camada de população mais jovem. Torna-se, todavia, importante que os jovens tenham conhecimentos que lhe permitam compreender toda esta problemática, de forma a serem capazes de criar mecanismos de defesa e resistência face a situações de risco de consumo. Não obstante tal facto, sabemos que, por vezes, é difícil aos jovens criarem este mecanismo visto que a curiosidade, a pressão do grupo de pares e o gosto pelo risco levam os jovens a experimentar drogas, assim como as utilizarem como uma espécie de fuga a determinados problemas afectivos. Sem dúvida, a droga constitui um dos principais problemas que aflige a nossa sociedade!

O fenómeno da toxicodependência continua a ser percepcionado pelos portugueses com uma extrema discriminação. Os (ex)toxicodependentes continuam a ser vistos como drogados e como parasitas que contaminam a sociedade e, por isso, fazem questão de os manter afastados, numa desintegração constante. A nossa sociedade vê a toxicodependência como um flagelo social e, o facto dos indivíduos a verem como tal, faz com que se continue a legitimar a reprodução de todo um campo social em que a sociedade discrimina os toxicodependentes e os mantêm à margem, e estes, por seu turno, auto-marginalizam-se porque já sabem que a sociedade os vê como uns drogados, tornando este fenómeno num ciclo vicioso.
O Estado português deve ter um papel interventivo a este respeito, como no que concerne a políticas de controlo de estupefacientes e outras substâncias psicotrópicas.

2 comentários:

Tiago Laranjeiro disse...

Helena, o mesmo relatório diz que é necessário um maior estudo dos efeitos da canábis, que não são tão maus como os que a imprensa deu a conhecer nos últimos tempos. A canábis continua a afirmar-se como uma droga cujos efeitos não são tão perniciosos como outras, por exemplo a cocaína, as drogas sintéticas e a heroína. Até o próprio modo como a canábis e o haxixe actuam no cérebro é diferente. Não devemos meter todas estas drogas no mesmo saco, ou então teremos de incluir nele também o tabaco, o álcool e, quem sabe, alguns antidepressivos.

Depois, não conheço nenhum consumidor de canábis que esteja em estado de "degradação" física e psicológica como acontece com os consumidores de cocaína, heroína e outras drogas.

E deixo aqui uma outra nota: sabes por parte de quem surgiram as primeiras campanhas contra o consumo de canábis? Pelas companhias de tabaco, que viam nesse produto uma ameaça aos seus cigarros, e financiaram relatórios alarmistas, nos Estados Unidos dos anos 1930.

Helena Antunes disse...

Usei a cannabis apenas como exemplo para a integrar no Dia Internacional de Luta Contra as Drogas. É minha intenção falar da toxicodependência de uma forma geral.

A cannabis, o haxixe, os speeds são consideradas drogas leves por tal apresentam como consequência uma alteração física e não degradação física e psicológica como muito bem referes.
Já drogas pesadas como a heroína, a cocaína e os policonsumos levam por consequência a estados de dependência elevados e posteriormente a um estado de decadência física e psicológica.

Um abraço!