Portugal apresenta valores de desigualdade social que estão 11% acima da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Segundo a oitava folha de dados da Associação para o Planeamento Familiar (APF), o nosso país regista níveis de desigualdade de 35,6 % , sendo a média da OCDE 25,2%.
No ano passado, por exemplo, Portugal registava elevados níveis de pobreza (18%) no contexto dos países da União Europeia. A esta realidade estão mais vulneráveis as crianças e jovens, os idosos, as mulheres, as pessoas com deficiências, os imigrantes e os sem-abrigo.
Apesar de Portugal não estar entre os países com maior incidência de pobreza infantil, regista valores significativos, ou seja, 21%. O risco maior situa-se nas famílias monoparentais (40%) ou nas numerosas (38,5%). Numa outra vertente do problema, no ano passado existiam 4,7% de crianças a viver em agregados familiares desempregados.
Relativamente aos idosos, no ano de 2006 eram já 26% os que enfrentavam o risco da pobreza. A média dos países da UE está nos 19%.Os idosos a viver sós são os que estão mais vulneráveis, sendo que para esses a incidência de pobreza era de 40% no ano passado.
Igualmente, as mulheres são um grupo de risco. Em 2005, cerca de 17% das mulheres a viverem na UE encontravam-se em situação de pobreza, representando dois pontos percentuais acima do risco de pobreza para os homens. Em Portugal, no ano passado, 38% dos agregados constituídos por mulheres eram pobres. No nosso país, as mulheres continuam a ter salários mais baixos desempenhando as mesmas tarefas, auferindo menos 5% do que os homens por hora de trabalho.
As pessoas com deficiência estão entre os mais vulneráveis à desigualdade. Em Portugal, a maioria da população com deficiência possui baixos níveis de escolaridade e 37% são mesmo analfabeta. Desta população, apenas 29% possui uma actividade económica, sendo que 71% está economicamente inactiva.
Ainda os imigrantes são alvo de desigualdade social. Os dados da APF não esquecem de referir, no entanto, que os imigrantes representam 21% da crição do trabalho líquido. Ainda assim, referem os dados, enfrentam acesso desigual ao mercado de trabalho, à habitação, à saúde, estão sujeitos a trabalhos precários e têm grandes dificuldades em reconhecer as suas habilitações académicas.
Já em situação de pobreza extrema estão os sem-abrigo, cujo conceito tem sofrido alterações. Se, por um lado, a maioria não é escolarizada, por outro, começa a existir uma minoria crescente com habilitações médias.
[Jornal de Notícias]
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