06 fevereiro 2008

Batem-me e ainda pago



O decreto-lei tem quase um ano e ainda não está regulamentado. por isso, são muito diferentes as formas como as administrações dos hospitais estão a interpretar a lei que isenta de pagamento de consultas as vítimas de violência doméstica.
A notícia é avançada pelo jornal Público, que aponta o caso do hospital de S. João, no Porto, onde a vítima entra e basta a sua palavra para não pagar, e ainda o caso do Hospital de São Marcos, em Braga, onde a vítima não só recebe a factura da taxa moderadora como uma nota de débito da consulta, num total de 152 euros.

Escreve o Público que o Hospital de São Marcos só assume que a vítima é efectivamente vítima se apresentar queixa contra o agressor e houver sentença judicial. No São João, tenta-se não agredir ainda mais a vítima.
Já no Hospital de Santo António, também no Porto, perante suspeita de violência doméstica, «faz-se participação à PSP que está à porta» e o agente passa-lhe um documento, que isenta a vítima de pagar taxa moderadora.
A presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, Elza Pais, defendeu, em declarações ao Público, que para estar isento basta apresentar queixa e que a nota de débito deve ser enviada ao agressor. A queixa constitui «uma prova fortíssima» de violência doméstica, esperar pela sentença judicial «não tem sentido», diz.

2 comentários:

Gisela Rodrigues disse...

Parece aqui que o objectivo é aumentar o número de mortes, ora se entendi bem, em caso de participação de queixa, o agredido não paga a taxa e quem a paga é o agressor, então adivinho o que o agressor irá fazer a seguir..Por outro lado se não for participado o agredido deve pagar, então como irá explicar a falta de 150 €, pois normalmente nos casos de agressões domésticas, o agressor é quem controla toda a vida do cônjuge. Realmente, qualquer dia, antes de dar entrada na urgência vão verificar se temos seguro/dinheiro para pagar as despesas (como na América)

Helena Antunes disse...

Estou de pleno acordo contigo, Gisela.
O que isto irá provocar será que cada vez menos as vítimas de violência doméstica vão denunciar a sua situação só para não terem de pagar os 152€. Logo, cada vez fica mais dificíl combater e atenuar este fenómeno.
É lamentável...

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