10 fevereiro 2008

O Véu Islâmico




Esta situação não se apresenta só na Turquia como também têm surgido questões semelhantes na Europa. Não esqueçamos a polémica suscitada em França aquando da interdição do uso do véu islâmico.
Para a Turquia, tal decisão reveste-se de uma marcada mudança no plano social e político.


Sou da opinião de que o uso do véu islâmico seja permitido na Europa. São uma marca identitária, cultural, um costume, uma tradição do povo islâmico. O facto de se mudarem para outro país não poderá ser impeditivo de manterem alguns dos seus costumes. É certo que ao inserirem-se num país de diferentes tradições e costumes poderá levar como consequência a um choque de valores e culturas. No entanto, poderá apresentar-se como um enriquecimento cultural ao pôr em contacto diferentes povos. É preciso saber lidar com a diferença para que não ocorram situações conflituosas e que não haja um grande choque de civilizações.
Cabe a cada país, ao seu Governo e à sua sociedade estabelecer relações harmoniosas com indivíduos de outras culturas e tradições, e implementar medidas que visem essa situação de harmonia e o respeito pelos costumes do outro.

15 comentários:

Anónimo disse...

Concordo integralmente com o que aqui foi dito.

Anónimo disse...

Não obstante achar o uso do véu islâmico uma aberração cltural, não tenho nada contra o uso do véu nas escolas turcas.Os turcos devem fazer ainda assim a opção entre serem islâmicos radicais ou europeus.
Devemos ter em atenção que o multiculturalismo está em plena regressão. As sociedades onde convivem diferentes culturas são cada vez mais conflituosas e menos tolerantes. Além disso, nesta questão do véu islâmico como noutras questões predomina a atitude ocidental : eu sou ocidental, sou superior e tolerante. Nunca esperamos qualquer reciprocidade dos países islâmicos.

Helena Antunes disse...

O multiculturalismo nunca esteve em regressão. Vejamos, por exemplo, nas escolas onde ainda há grande dificuldade dos professores em lidarem com a diferença, recusando-a muitas vezes.
O multiculturalismo devia ser mais aceite.

Bárbara Cunha disse...

Fala-se aqui de véus! De culturas! De países! De costumes! De tradições... Deixo aqui um pequeno exemplo que hoje vive, identificativo da multiculturalidade de que aqui se fala... Hoje estava eu em plena Catedral de Mafra quando ouço perto de mim alguém a falar árabe! Pensei... islâmicos, aqui? Para logo a seguir pensar: Sim porque não? Estamos numa igreja, espaço - para quem assim o vê. Eu vejo. - multicultural e aberto ao "outro" bíblico... E porque não um islâmico? E porque não um judeu? E porque não um budista? E porque não um animista? E porque não um ateu? E porque não um agnóstico? Com direito a se expressarem dentro da "nossa igreja católica"!

O radicalismo é apenas uma disfuncionalidade daquilo que é a normalidade! Serei radical por ter entrado dento de uma igreja e me ter parecido "normal" encontrar lá islâmicos?

Boa semana para todos

Gisela Rodrigues disse...

Eu não sou contra o uso do veú, principalmente na rua, mas num estabelecimento laíco é outra questão. Existe ainda outra questão,nem todos as muçulmanas usam o véu e nem todas as"fracções islâmicas" reconhecem o uso do véu obrigatório, assim como no caso da poligamia por exemplo, que só é válido em alguns países. A Turquia era um dos países islâmicos mais "permissivos" e parece me com esta mudança que regrediu, os medos dos seus habitantes têm razão de ser, principalmente se tivermos en atenção as últimas notícias.
Outro facto e o pior é que a muitas das mulheres que usam o véu são obrigadas e se a lei é mudada no sentido de permitir o uso do véu, não irão muitos maridos e pais obrigarem ao seu uso?Não vejo esta mudança na lei com bons olhos.Quando foi questionado a proibição do uso do véu em França, ninguém falou que "sinais de qualquer religião" também não eram aceites!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Helena

Tema pertinente! Deixei-lhe um desafio sobre este assunto do véu islâmico e multiculturalismo: uma meditação mais aprofundada sobre o assunto, levando em conta a libertação das mulheres, os seus interesses e até mesmo a secularização.
Abraço

Helena Antunes disse...

Sei que certamente muitas mulheres islâmicas não gostam de usar o véu e fazem-no porque são obrigadas. Aí sou contra.
Mas há quem faz porque realmente quer, por ser um costume/tradição da sua cultura e religião. E quando assim o é, devemos respeitar. E não discriminar. Por isso falei da importância e tolerância para com o multiculturalismo.

Anónimo disse...

O que eu acho é que a Helena Antunes aqui se refere apenas ao uso do véu, e o respeito que devemos ter por quem de livre vontade quer usá-lo. Quem usa de livre vontade e se sente bem com ele não deve ser discriminado.
Ela não se refere às atrocidades que acontecem a muitas destas mulheres. Pois penso que, tal como todos nós, ela deve ser contra muitos dos costumes praticados pelos islâmicos. A Helena é respeitadora e defensora dos Direitos Humanos.

Helena Antunes disse...

O/A LBF já respondeu, em parte, por mim.
Parece que não fui bem interpretada. Passo a explicar: como é óbvio, sou contra e censuro a forma ostracizada como as mulheres islâmicas são tratadas. Não sou ignorante relativamente aos modos de vida da sua cultura e religião porque já li muito sobre elas. Por tal, não poderia estar indiferente relativamente ao modo como elas são tratadas pelos homens, por exemplo quando estes querem ver provada a sua virgindade, o não as deixarem sair com outros homens que não sejam o pai, o irmão ou o marido. (Recomendo, a título de exemplo, a leitura de dois livros de Jean Sasson: "Sultana" e "Mayada, Filha do Iraque)
O que falo relativamente ao respeito por estas mulheres na Europa é o seguinte: por vontade própria ou obrigadas, nós não podemos discriminá-las nem impossibilitá-las de frequentar determinados locais, como as universidades que é o caso que enuncio na notícia. Muitas delas são obrigadas e vivem segundo determinadas regras que lhe são impostas pela sua cultura e religião. Não devemos procurar regeitá-las mas antes procurar entendê-las e ajudá-las. Daí falo em tentarmos estabelecer relações harmoniosas com elas com vista à sua integração.

Anónimo disse...

Helena, quando li este teu post, confesso que me assustei um pouco. Era estranho vindo de ti, uma acérrima defensora das injustiças sociais.
Mas depois de ler os teus comentários compreendi melhor a tua posição e as tuas ideias. E assim estou de acordo!

Helena Antunes disse...

Cara bluegift, compreendo a sua preocupação e partilho da mesma!

Cumprimentos, e obrigada pela visita ao blogue!

Gisela Rodrigues disse...

Concordo com a maior parte dos comentários e principalmente partilho da ideia do bluegift. Quero ainda acrescentar e salientar que o Corão é muitas vezes deturpado. Em visita à Tunísia descobri que aí o Muçulmano só podia casar com uma mulher e o véu não era obrigatório. Para além disso, contaram-nos que nas escrituras deles, existe uma passagem em que alguém perguntou a Ala, como este iria saber se seria "estimado por Deus", ao que este respondeu que ele fosse bom para a sua mãe e respeitador então ele seria amado de Deus. Estas podem não ser as exactas palavras das escrituras, até porque sofreram uma tradução, mas aqui se vê que a ideia geral do comportamento do "Muçulmano" não é interpretado da mesma forma dentro da própria comunidade. Um colega Turco, em conversa, afirmou que no seu país, a ideia do Corão é a mesma do que a descrevi para a Tunísia.

Helena Antunes disse...

Gisela, obrigada por partilhares essa informação.
É bom saber que nem todos os muçulmanos seguem com rigidez o Corão.

Vitor Andrade disse...

Tema muito pertinente Helena :)

Algo que se vem discutindo ao longo dos ultimos tempos, nomeadamente na sua aproximação ao ocidente dito "civilizado". Seguindo a tua linha de pensamento, do exemplo recente mais notíciado, a questão da sua introdução nas escolas francesas.. Por um lado, nesta questão do véu islâmico existe dois pontos distintos e muito importantes para a sua compreensão: por um lado a questão cultural, e por outro, a questão dos Direitos Humanos. É pouco romantica e simples esta divisão mas penso ser o essencial do cerne da questão! Concordo completamente com a Helena quando refere que o véu é uma marca identitaria, cultural, uma tradição do povo islamico, e isto quer gostemos quer não é algo que tem de ser respeitado, logicamente! Esta questão levanta problemas quando associada à questão Direitos Humanos.. No entanto acredito que, muitas das mulheres que o usam, rapidamente se "livrariam" dele se pudessem.. A abertura ao Ocidente possibilitou uma diferente interprtação dos seus costumes (Islamicos) em relação aos costumes do próprio Ocidente.. É da comparação com os costumes ocidentais, mais liberais e defensores da liberdade social e humanas que se coloca estas questões aos próprios portadores do véu! Mas a questão está do lado Ocidental.. Que sob a protecção de argumentação dos Direitos Humanos dispara para tudo o que lhes parece contraditório ao que é moral e éticamente aceite por tal declaração universal.. Ora, apesar de a titulo pessoal não concordar minimamente com esta "suposta" opressão sobre as mulheres, porque realmente é um claro retrocesso social, humano e até politico aos valores reconhecidos como moral e éticamente aceites actualmente! Mas isso não descarta a necessidade de preservação da identidade cultural de cultura para cultura, de civilização para civilização, etc.. Não conheço o Corão! Nunca o li! Mas é certo que atenta contra a dignidade das mulheres por aquilo que me é dado a conhecer aqui e ali.. E o véu é o mal menor de tudo aquilo que as mulheres "supostamente" sofrem diariamente!

Concordo com muitos comentários aqui colocados, e apraz-me saber da preocupação mostrada por dignos comentadores!

Mesmo na nossa sociedade dita "civilizada" comentem-se atentados contra os Direitos Humanos! E não vai ser por causa do seu conhecimento que se vão deixar de cometer..

As tradiçoes islamicas estão claramente ligadas com o poder politico, tal e qual o cristianismo era o poder na idade média, e isso possibilita varias interpretações do mesmo fenomeno. O exemplo mais consistente disto é o dado por Gisela Rodrigues na questão da deturpação do Corão! Acho também que, seus comentários e bluegift em muito contribuem para uma melhor interpretção do problema..

Beijinhos Helena ;)

Helena Antunes disse...

Concordo, Vítor!

Arquivo do blogue