A toxicodependência apresenta-se, deste modo, como uma categoria heterogénea porque, por um lado, os toxicodependentes não podem ser considerados iguais visto que aquilo que ‘empurra’ uns para o mundo das drogas não é o mesmo para outros, isto é, são diversas as variáveis que levam um indivíduo a drogar-se, variáveis essas que podem não afectar de igual modo um outro indivíduo. Por outro lado, está um conjunto de representações sociais e discursos que se vão proliferando em torno da toxicodependência por parte da sociedade. Esta, na pessoa de cada indivíduo, tem diferentes modos de encarar e tratar o problema da toxicodependência. É, sem dúvida, uma realidade deveras complexa tendo em conta a sociedade no seu geral, assim como os indivíduos que consomem, que substâncias consomem e que contextos os levam a consumir e onde consomem! A toxicodependência é, assim, uma realidade que nos toca a todos.
O fenómeno toxicodependência é visto por toda a sociedade com um problema social que urge combater, sobretudo tendo em consideração que afecta em maioria a camada de população mais jovem. Torna-se, todavia, importante que os jovens tenham conhecimentos que lhe permitam compreender toda esta problemática, de forma a serem capazes de criar mecanismos de defesa e resistência face a situações de risco de consumo. Não obstante tal facto, sabemos que, por vezes, é difícil aos jovens criarem este mecanismo visto que a curiosidade, a pressão do grupo de pares e o gosto pelo risco levam os jovens a experimentar drogas, assim como as utilizarem como uma espécie de fuga a determinados problemas afectivos. Sem dúvida, a droga constitui um dos principais problemas que aflige a nossa sociedade!
O fenómeno da toxicodependência continua a ser percepcionado pelos portugueses com uma extrema discriminação. Os (ex)toxicodependentes continuam a ser vistos como drogados e como parasitas que contaminam a sociedade e, por isso, fazem questão de os manter afastados, numa desintegração constante. A nossa sociedade vê a toxicodependência como um flagelo social e, o facto dos indivíduos a verem como tal, faz com que se continue a legitimar a reprodução de todo um campo social em que a sociedade discrimina os toxicodependentes e os mantêm à margem, e estes, por seu turno, auto-marginalizam-se porque já sabem que a sociedade os vê como uns drogados, tornando este fenómeno num ciclo vicioso.
O Estado português deve ter um papel interventivo a este respeito, como no que concerne a políticas de controlo de estupefacientes e outras substâncias psicotrópicas.
Helena Antunes (2007) Expectativas face à inserção sócio-laboral da parte dos utentes do Projecto Homem
O toxicodependente é um mutante bio-psico-social.
Cândido Agra (1999) Dizer as drogas Ouvir as drogas
A consciência dos riscos e perigos do consumo de substâncias, a capacidade de equacionar a sua vida tendo presente o futuro e, mais do que tudo, o sentir que não precisam de utilizar substâncias para se sentirem bem e terem prazer na sua vida parecem ser alguns dos factores protectores...
José Machado Pais (1999) Traços e riscos de vida
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