06 junho 2007

Globalização hegemónica vs. Globalização contra-hegemónica

Podemos começar por definir globalização como um processo social através do qual diminuem os constrangimentos geográficos sobre os processos sociais e culturais, e em que os indivíduos se consciencializam cada vez mais dessa redução.

Malcom Waters, 1999

A "luta discursiva" em torno do facto se é ou não a globalização benéfica ,continua na ordem do dia.
O nosso Presidente da República considera mesmo que a globalização permitiu tirar milhões de pessoas do estado de pobreza e que esta é uma realidade que se vai impor a todos os países. E que Portugal tem de aproveitar as oportunidades.
Durante muito tempo se pensou que a globalização era em tudo benéfica.
Mas agora está em curso uma globalização alternativa...

a globalização contra-hegemónica.

A opinião pública mundial começa a dar vida a milhares de organizações não governamentais que vão organizando a resistência à globalização hegemónica e formulando alternativas. À medida que cresce a globalização contra-hegemónica, cresce a responsabilidade dos seus protagonistas.
A energia do movimento pela globalização alternativa reside na sua diversidade interna, nas múltiplas formas de organização e de actuação e nos múltiplos objectivos que acolhe. Mas estes primeiros passos devem ser integrados num horizonte civilizacional mais amplo, no horizonte de um mundo melhor. Só assim se garantirá que o sistema actual, já de si bastante injusto, não venha a ser, pela perversão dos objectivos contra-hegemónicos, substituído por outro ainda pior.


O diálogo entre as duas globalizações é inadiável para que se passe de uma retórica cínica de concessões vazias à elaboração de um novo contrato social global caucionado por uma nova arquitectura política democrática também ela global.


Nota: globalização hegemónica e globalização contra hegemónica - conceitos de Boaventura Sousa Santos

3 comentários:

Anónimo disse...

Este é um tema que me é muito querido, ou antes familiar, pois tenho passado os últimos seis anos da minha vida, de uma forma ou de outra a volta com ele...
Apetece-me comparar a “Globalização” a um comboio desenfreado, sem travões portanto, que não quer e não vai parar! Este comboio arrancou, para o bem e para o mal, com os “Descobrimentos” portugueses, facto inegável, sim a responsabilidade é nossa! Não se pense que, portanto, o “maquinista” é ainda português, pois já não o é desde à muitos anos! Já tivemos “maquinistas” de muitas nacionalidades: espanhóis, holandeses, ingleses, franceses e americanos, estes já à muitos anos no comando. Este é portanto um “comboio” movido a petróleo, e se ainda o é, a culpa é dos senhores que o comandam, e dos seus amigos do Médio Oriente, sentados em cima das jazidas de petróleo!
A consciência global pode ser útil no futuro com o já o foi no passado, na resolução de muitos problemas globais foi, de facto, muito importante, uma consciência internacional, diria mesmo global. É porém importante salientar que não é possível pensarmos que a globalização deixará de ter um “maquinista”, não porque o “comboio” ficaria desgovernado, mas porque ninguém deixará os comandos sem que outro alguém venha para o substituir, para aproveitar a “rica brisa fresca” que é concedida a quem comanda. A hegemonia global é para continuar, e não podemos ser optimistas o suficiente para pensar que a médio prazo ela vai deixar de existir!
Será que o “comboio” está então condenado a ser comandado por alguém? A resposta parece-me muito simples: sim! Mas por quem, essa é a questão que veremos ser resolvida nos próximos anos, diria mesmo, até ao fim da próxima década, poderemos encontrar um novo “maquinista”, e quem sabe um de olhos em bico, e que adora comer arroz...

Helena Antunes disse...

Gostei dessa metáfora da globalização com o comboio desenfreado ;)

Anónimo disse...

Aprendi muito

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