14 julho 2007

Cavaco Silva e José Socrates - II

Em 1993, debrucei-me várias vezes(...)sobre a questão da sustentabilidade financeira a longo prazo do sistema de segurança social, face à tendência para o envelhecimento da população, em resultado do decréscimo da taxa de natalidade e do aumento da esperança de vida das pessoas. Chegámos à conclusão de que, tendo em vista promover o equilíbrio do sistema, havia que ter a coragem de proceder à sua reforma, aumentando as contribuições e apertando no lado do acesso às pensões. Não eram obviamente decisões populares, mas entendi que não seria sério adiá-las.

(...) Foram aumentadas as taxas das contribuições dos trabalhadores independentes, procedeu-se à uniformização da idae da reforma aos 65 anos e alterou-se o método de cálculo do valor das pensões. Mais tarde, na lei do Orçamento de Estado para 1995, foi consignado à segurança social o aumento de um ponto percentual da taxa do imposto sobre o valor acrescentado (IVA).

A preocupação pela sustentabilidade financeira da segurança social estendeu-se ao regime dos funcionários públicos. Primeiro, pela sujeição dos funcionários admitidos depois de Setembro de 1993 às regras de cálculo das pensões do regime geral da segurança social e, depois, pelo aumento das contribuições para a Caixa Geral de Aposentações, alinhando-as com as contribuições do regime geral da segurança social dos demais trabalhadores por conta de outrem. Assim, pensava eu, não me podem acusar de só me ter preocupado com as medidas populares de aumento das pensões, descurando a capacidade do sistema para fazer face aos encargos no futuro.

Cavaco Silva, Autobiografia Política (volume II)


A meu ver, Cavaco Silva e José Socrates são duas personalidades políticas parecidas. Cavaco Silva foi o homem das reformas estruturais, o nosso primeiro ministro actual também o tem sido.
Mais do que tomar medidas populares que engrandecem-se a sua imagem, Cavaco Silva tomava as medidas que julgava serem melhores e mais adequadas à realidade do nosso país. José Sócrates também é um político que em nada acarreta popularidade das massas, é um homem de medidas determinadas.
Ambos procederam a reformas importantes e necessárias na segurança social portuguesa. E agora assistimos para aí a greves e protestos de professores, polícias e outros funcionários públicos a quem lhes foram retiradas as imensas regalias sociais de que injustamente usufruiam.

São duas pessoas determinadas na esfera política portuguesa. José Sócrates só peca pelas inconstantes e indecisas medidas a questões como o aeroporto de Lisboa, o inconcebível projecto do TGV em solo português, a gratuitidade do aborto, a lei relativa ao tabaco que nunca está totalmente definida, o não intervir em questões públicas que necessitam de uma mão firme do Governo.

18 comentários:

Anónimo disse...

Se lhe retirassem, não as regalias como diz, mas direitos alcançados num estado democrático, qual seria a sua reacção, ou será que já estamos a por o direito ao protesto e à greve em causa?
Já agora, por falar em regalias, que me diz ás regalias dos banqueiros, grandes industriais e outros agentes ligados ao capital financeiro?
Afinal quem produz a riqueza deste País, e quem obtem as regalias como diz?

Helena Antunes disse...

Caro Beja Trindade,
Em nem sequer ponho o direito à greve em causa porque nunca fui a favor de tal. Do meu ponto de vista as greves nunca foram o meio mais eficaz para alcançar fosse o que fosse.
As regalias económicas de muitos industriais deve-se ao esforço que empreenderam para as alcançar. Alguns dos industriais são aquilo a que se apelida "self-made-man".

Anónimo disse...

Não conheço tal democracia.
Por minha parte, dou por encerrado o debate.

Anónimo disse...

Eu fico cada vez mais impressionado com este ideais esquerdistas! É que nunca vi discursos tão contraditórios!

Por um lado defendem os direito de todos os trabalhadores, são eles a verdadeira razão da esquerda. Fazem apelos constantes à luta dos trabalhadores, e voltamos ao velhinho “disco riscado”, contra o capitalismo, contra a banca, contra o imperialismo económico e a igualdade de todos os trabalhadores. Até aqui, tudo muito bem!
Depois vem defender as regalias, porque não tem outro nome, que os funcionários públicos têm desde a muitos anos, e que só agora começaram a perder. Falo de coisas simples, como ADSE, que beneficiou os funcionários públicos, bem como os seus familiares, durante décadas. E quem pagou a conta foram os trabalhadores do privado.

Vamos lá a ver se o discurso é incoerente ou não: que eu saiba trabalhadores são todas as pessoas que trabalham, e são estes os do público e os do privado, sejam eles pedreiros, funcionários das finanças, professores ou administradores de uma grande empresa privada.
Vamos tentar imaginar que a entidade patronal “do nosso” pedreiro reconhece o valor do trabalho dos seus funcionários, e dessa forma, quando os funcionários têm filhos em idade escolar paga os livros escolares, aos filhos destes funcionários. Isto é óptimo para os funcionários, e a entidade patronal pode colocar o valor dos manuais escolares nas despesas da empresa, ou seja, até aqui tudo muito bem. “O nosso” pedreiro paga os seus impostos, bem como a sua entidade patronal, e os manuais escolares dos seus filhos, cada vez mais caros, não entram no seu orçamento familiar.
Vamos agora imaginar o filho “do nosso” professor, que tem de usar aparelho de correcção dentária, ou então quer, pura e simplesmente, uns óculos de sol, só tem de escolher o local, o modelo e quem paga é a ADSE. Ou seja, quem paga é “o nosso” pedreiro, bem como a sua entidade patronal, ou seja todos nós com os nossos impostos!

Senhores e senhoras da esquerda, vocês que tanto defendem os direitos dos trabalhadores, defendem os direitos de todos os trabalhadores, ou só de alguns? Porque me parece que haver “algumas” diferenças entre os funcionários públicos e os do privado. Será que não há aqui uma hierarquização de trabalhadores, os de primeira classe (funcionários públicos), e os de segunda classe, funcionários do privado (sem falar dos de primeiríssima classe, ou seja a classe política).

Há uma coisa que tenho de afirmar solenemente, o direito há greve é um direito inviolável, e neste ponto, tenho que me colocar à esquerda. Todos os trabalhadores tem direito à greve, e devem usa-lo livremente, pelo menos assim é em democracia, ou deve ser!
Todos os democratas devem condenar acções como as que vimos à pouco tempo, em que os funcionários públicos quiseram usar, do seu, direito à greve, e viram-se obrigados a enviar o nome às chefias, para se saber quem fez, e quem não fez greve. Isto não é, em lado nenhum, democrático, e dizem-se estes senhores “socialistas”!

Anónimo disse...

Cá estamos nós novamente.
Não há contradição nenhuma, essa é uma falsa questão.
Senão vejamos:
Tudo aquilo que vocês da direita chamam regalias, para nós de esquerda, são direitos alcançados obtidos pelos trabalhadores organizados num regime democrático, todo resto são retóricas.
Para finalizar apenas digo:
Porque será que os trabalhadores da função pública tem obrigatoriamente de nivelarem por baixo, e não o inverso, ou seja, os trabalhadores do sector privado nivelarem por cima?
Alguém está interessado em fomentar a divisão entre trabalhadores.
Sabemos das dificuldades impostas através da repressão existente junto dos trabalhadores no sector privado, no que concerne à sua auto-organização, se me negar esta realidade, sou obrigado a concluir que nunca trabalhou no sector privado por conta de outrem.
Nos tempos de hoje,onde existe por exemplo liberdade sindical dentro das empresas? aliás como prevê as Leis Laborais deste País, será que sem liberdade sindical algum trabalhador consegue obter qualquer direito ou regalia como diz?
Estou à vontade sobre este assunto, pois já trabalhei no sector privado e público.
Não me venham com discursos de retórica!
Porque já senti na pele esta realidade.
Já agora, convém referir que não sou nem nunca fui esquerdista,
sou um cidadão com ideais de esquerda, mais concretamente membro do histórico e glorioso partido chamado PCP, que muito lutou para que hoje
haja liberdade para este nosso pequeno debate.
Não quero com isto, manifestar qualquer tipo de triunfalismo, mas a verdade é que, antes do 25 de Abril os democratas contavam-se pelos dedos.
Onde estavam muitos "democratas" de hoje que eu conheço, antes do 25 de Abril???

Anónimo disse...

Não me diga agora, que vai por em causa a existência das Associações Sindicais.
Apenas quero lembrar que os sindicatos são um dos pilares da democracia, ou seja, sem sindicatos não há democracia!
Não será assim caro Pedro Melo???

Anónimo disse...

Caro Beja Trindade

Antes de mais, por favor, esclareça-me onde foi que eu coloquei em causa Associações Sindicais, ou a sua importância!? É mais do que óbvio que a inexistência de Associações Sindicais, só por si, enfraquece de morte as democracias. Mas, por favor, diga-me onde foi que eu coloquei tal coisa em causa!

Em seguida, é com todo o gosto que lhe respondo: o “estado social”, e as suas políticas está em crise profunda, um pouco por toda a Europa (isto NINGUÉM pode negar), e Portugal não foge à regra. Acha sensato, minimamente diria mesmo, pensar que há condições sócio-económicas para equiparar os funcionários públicos aos do privado? Claro que todos estes custos seriam suportados pelo Estado, ou pelos seus organismos de sustentação social. O “estado social” enfrenta uma crise sem precedentes, mas previsível, e as esquerdas continuam a considerar absolutamente coerente, e responsável falar em “nivelar os provados pelo público”.
Caro Beja Trindade, a divisão entre trabalhadores não está a ser fomentada, ela existe, e quem a criou foram as pessoas da mesma esquerda que hoje afirmam que ela está a ser fomentada.
No que concerne à “repressão” existente juntos dos trabalhadores só discordo num ponto, ela também existe junto dos trabalhadores do sector público, como bem deveria saber! É verdade que ninguém luta mais bravamente que os sindicatos pelos direitos dos trabalhadores, e isso é algo que ninguém pode negar (já agora, se puder, esclareça-me também onde foi que coloquei em causa este facto). Mais uma vez, perante as suas palavras tenho de afirmar que não são só os sindicatos dos funcionários do privado quem luta bravamente em prol dos seus trabalhadores, mas também os do público, que enfrentam dificuldades semelhantes às do provido.

Caro Beja Trindade, concordo que após o 25 de Abril surgiram “muitos democratas”, que andavam, antes da Revolução, atrás da máquina do regime, e muitos deles faziam mesmo parte dela. Essa é uma verdade incontornável!

Só me parece exagerado apelidar o PCP de “glorioso”, pois histórico é certamente. Diga-me, por favor, onde foi que descobriu a democracia no comunismo, porque a mim sempre me pareceram palavras antónimas! Não me lembro de ver um país comunista e democrático ao mesmo tempo, mas talvez me possa citar algum exemplo!

Agradecia-lhe que o fizesse.

Já agora, eu não uso retóricas neste blogg, só realidades!

BEJA TRINDADE disse...

Caro Pedro Melo
Tenha paciência, mas talvez não entende-se a razão da minha persistência quanto ás Associações Sindicais.
A verdade é que sem elas, jamais será possível aos trabalhadores conquistar qualquer direito ou regalia, como diz.
Agora, quando afirma, ou pelo menos insinua que a esquerda só defende alguns trabalhadores, agradecia que me demonstrasse quando e onde.
Contudo posso-lhe demonstrar que os tais "democratas" do pós 25 de Abril, quando no governo já mandaram a polícia de choque espancar trabalhadores à semelhança do regime de má memória.
É óbvio que os trabalhadores desorganizados são presa fácil dos governos, patrões e seus agentes.
Não basta encher a boca apregoar justiça social, e depois na realidade, tudo fazer para enfraquecer essa mesma justiça social.
A democracia virtual, é precisamente aquela com a qual eu não pactuo.
Caro Pedro Melo
Para responder ao seu pedido final, queria-lhe dizer o seguinte:
O seu conceito de democracia nada tem a ver com o meu.
Um país comunista tem a sua democracia própria que se chama centralismo democrático.
E se reparar bem, sempre que num país os comunistas ganhem eleições(o que acontece raríssimas vezes, talvez por alguma falha do sistema), tem à perna os "democratas" americanos com tudo o seu arsenal bélico, assim aconteceu no Chile e na
Sérvia, para além de outros serviços sujos, como a invasão directa de Granada,Cuba,Vietname,Japão,
Coreia do Sul e mais recente Afganistão, Iraque e apoio bélico e financeiro ao estado de Israel para invasão da Palestina.
Ora esta é a democracia dos poderosos sobre os fracos, ou seja, dos ricos sobre os pobres.
Já agora, caro Pedro Melo, gostava que me explica-se, porque razão os "democratas" americanos tem bases militares recheadas de material bélico espalhadas um pouco por todo mundo, não será, com vista a implantar o seu cristianismo e a sua democracia, já sobejamente conhecida?
Ou seja, a democracia da demagogia das manipulações televisivas, as democracias dos banqueiros , dos ofchores das Casas Pias, dos apitos dourados, das Fátimas Felgueiras, dos Valentins, dos Isaltinos etc,etc.
Não é certamente este,
a meu conceito de
democracia!!!
Um abraço...

Anónimo disse...

Caro Beja Trindade

Já lhe respondi à primeira questão que me coloca. Mas se insiste eu repito: não me parece justo defender os “privilégios” (coloquei as aspas para não ferir susceptibilidades) da função pública, como a ADSE, por exemplo, uma vez que são os trabalhadores do privado que as pagam, e normalmente, como bem deve saber, há milhares e milhares de pessoas a trabalhar no sector privado que ganham bastante menos que os do sector público, e tem que suportar as suas despesas e pagar os seus impostos. Não me parece lógico afirmar, novamente, que devemos nivelar o privado pelo público e não o contrário, pois está bem claro e evidente que os organismos sociais não têm capacidade para tal (isto partindo do principio que têm capacidade para suportar o actualmente estabelecido). Os moldes em que o “estado social” assenta, ou pelos quais foi criado, hoje são completamente diferentes, e temos que ter consciência de tal para analisarmos a situação que se vive actualmente!

Num segundo ponto quero dizer-lhe que não posso concordar com demonstrações de brutalidade por parte do estado, muito menos num regime democrático onde as populações podem, à partida, manifestar-se livremente (só não percebi porque trouxe este assunto à discussão). Infelizmente já verificamos situações desta natureza quando tínhamos no poder partidos de esquerda e de direita, e é um facto histórico que as ditaduras, tanto de direita como de esquerda, são altamente agressivas para com as manifestações populares (ou de outro tipo).

Realmente tenho que concordar consigo, os nossos conceitos de democracia são totalmente diferentes! Eu não posso concordar com o conceito de democracia de alguém que afirma: “Um país comunista tem a sua democracia própria que se chama centralismo democrático.” Posso-lhe garantir que conheço muitos sistemas políticos e de governo, estudei-os de forma intensa durante algum tempo, a história da Humanidade revela factos inquestionáveis acerca daquilo a que chama “democracia própria” de um “país comunista” (além do mais deixe-me esclarecer-lhe que não existem, nem existirão, ao longo da história “países comunistas”, mas sim “regimes comunistas”, que impuseram, normalmente pela força, os seus ideias a todos os cidadãos de um país), e isso de facto não cabe em nenhuma das minhas definições pessoais do conceito de democracia.
Sem querer comentar mais, algo que nem merece comentário, deixem-me dizer-lhe, ou lembrar-lhe, o seguinte: os símbolos do nazismo forma proibidos um pouco por toda a Europa, pois trazem memórias pouco positivas, além de que levantam “fantasmas” aterradores. Também agora os países que pertenceram à URSS (ou seja, aqueles que viveram sob a tal “democracia própria”, de um regime comunista) querem fazer o mesmo com os símbolos do comunismo, por gerarem nestes países, e suas populações, os mesmos sentimentos (e lembranças) aterradores (isto não é, meu caro, usar o mesmo argumento de sempre, é relatar um facto, que um dia se poderá, facilmente, verificar em Cuba, na Venezuela, na China, Coreia do Norte etc...)!
Caro Beja Trindade, nunca me viu, nem verá certamente, defender a “democracia” de tipo americano, nem sei porque veio tal assunto a discussão!
Não concordo, porque vai contra os meus princípios, com o “imperialismo americano”, uma nova forma de colonialismo em pleno século XXI. As invasões americanas de países terceiros são, de facto, algo de inaceitável e condenável (só não sei quando os EUA invadiram o Japão nem porque razão), e a fixação de bases por todo o mundo (explico com todo o gosto) tem a ver com isto mesmo que já referi neste parágrafo, ou seja, o imperialismo, ou (nova forma de) colonialismo que os americanos levam a cabo desde o fim da Segunda Guerra Mundial. É também uma consequência da “ânsia” e receio de segurança que caracteriza os EUA.
A questão do apoio bélico e financeiro (não só ao estado de Israel, mas sim a um conjunto de estados) é algo que os estados comunistas também fizeram, ao longo da história, com dezenas de estados ou povos. Basta para isso pensar nos milhares de metralhadoras tipo AK-47, vulgarmente conhecidas como “kalashnikov” que existem distribuídas ou pouco por todo o mundo (não há conflito, em parte nenhuma do globo, onde não surjam estas armas).

Finalmente, deixe-me colocar-lhe algumas questões: no seu conceito de democracia não se incluem escândalos na opinião pública (como os que refere)?
O que quer fizer com “manipulações televisivas”? Espero que a resposta não esbarre no meu conceito de “comunicação social livre”, e claro de democracia plena!

Um abraço...

BEJA TRINDADE disse...

Caro Pedro Melo

Permita-me que lhe clarifique melhor a minha ideia, quanto à questão daquilo a que chama os privilégios da ADSE.
Seguramente que conhece o sistema de saúde pública nos países da Europa, tudo se assemelha quanto ao seu funcionamento, à nossa
ADSE, ou seja, um trabalhador recorre a qualquer médico da sua preferência, sem que para isso, tenha que suportar listas de espera vergonhosas.
Pergunto:
Porque será que em Portugal, é esta pouca vergonha com o S.N.S., com a existência dos (terceiros mundistas) centros de saúde, os quais implicam uma estrutura logística pesada e sem qualquer funcionalidade para os utentes (veja a eterna falta de médicos de família).
Peço desculpa, mas, não me venha com o estafado argumento da falta de dinheiro, Porque já ninguém acreditará, depois de ver ao ponto a que chegou a má gestão destes governos.
Só para lhe dar alguns exemplos de esbanjamento de dinheiros públicos,
que muito bem conhece:
Veja as condições degradantes em que se aplicam milhões, sem rei nem roque, futebois, estádios, submarinos, despoluições de rios em que tudo fica na mesma, obras públicas com excessivas derrapagens orçamentais, quintas e quintas que aparecem com dinheiros a fundo perdido da CE, em mãos de pessoas
que se conhecem de passados menos limpos.
Concluindo, dinheiros públicos que desaparecem como o fumo.
Agora eu pergunto:
Não haverá dinheiro suficiente para um digno SNS, comparado à Europa.
Sabe quanto custa o SNS nos países de regime comunista?
Para que saiba, custa 0.
Se não acredita, deve-se informar.
Quanto ao tema "conceito de democracia", não compreendo porque aparece a referência à Venezuela, será que Hugo Chaves não foi eleito em eleições livres e democráticas?
Os regimes comunistas de partido único, foi de facto um processo do século passado de regimes feudais, que se perpectuavam no poder com grandes injustiças sociais e exploração humana, cujo a única forma de combater seria pela luta armada, já não estamos nesse tempo,
Admira-me como há pessoas que utilizam sempre como arma de arremesso esta situação do passado.
Caro Pedro Melo, vai ter que se habituar à ideia de ver partidos comunistas a ganhar eleições e a aplicar o seu programa como qualquer outro partido, aliás, como bem sabe, isso já aconteceu pós Perestróika, na Polónia e na Bulgária e que eu saiba não ficaram no poder nem aplicaram qualquer tipo de ditadura.
Quando me diz, "que nunca o vi defender a democracia de tipo americano", isto considero um dado positivo, com o qual me congratulo, contudo não podemos ficar pelas meias verdades, sobe pena, de recordarmos aqui o poeta popular António Aleixo, quando numa das suas quadras dizia: "A mentira para ser segura e atingir profundidade, deve trazer à mistura qualquer coisa de verdade."
Agora alegar que o aparecimento de metrelhadoras "Kalasshnikov" um pouco por todo mundo, se deve à existência do regime comunista, deverá analisar melhor as razões, porque isso acontece.
Não será graças ao actual tráfico exercido pelas máfias pós Perestróika?
Na parte final da sua intervenção, diz que não sabe o que quero dizer com "manipulações televisivas"
Eu explico:
Não basta dizer que o seu conceito de comunicação social livre e de democracia plena, tranquilize a sua consciência.
É necessário e urgente ver a realidade, ou será que ignora a existência de informação tendenciosa e monolítica em que predominam as linhas de força dos partidos do chamado "Centrão"
Não viria mal ao mundo, se isso se verifica-se nos canais da televisão privada, agora, acontecer nos canais públicos, isso é que nos parece despropositado e injusto.
Para dar alguns exemplos: A que propósito, temos entrevistados assíduos com caché pago pelos contribuintes, para nos dar lições de democracia, como muito bem sabe, me refiro ao Sr. Marcelo Rebelo de Sousa e ao Sr. António Vitorino, isto para não falar noutros papagaios à semelhança do outro regime de má memória.
Quando se ostracizam outras correntes de opinião, e se sonega o contraditório, o que se poderá chamar a esta operação?
Para terminar, apenas lhe queria dizer, que, quando falo nos Estados Unidos da América, não será por acaso.
Não valerá a pena esconder, porque é sem dúvida o país de referência das democracias ocidentais, muito embora em minha opinião seja um país de muito má referência, com provas dadas de uma democracia virtual, com muita miséria humana, com muita arrogância e prepotência, que como diz e bem, simboliza o imperialismo do mundo global.
Um abraço...

Anónimo disse...

Caro Beja Trindade

O problema do SNS é um problema de falta de verbas, e neste ponto tenho de concordar consigo, que foram sendo canalizadas aos milhões para outras áreas, onde seriam desnecessárias. O dinheiro que se gastou em estádios de futebol é, de facto, um escândalo insuportável para os cofres públicos. Da mesma forma é um escândalo sem tamanho as, já “quase” normais, derrapagens orçamentais das obras públicas. Podíamos dar mais exemplos claros em que os dinheiros públicos foram mal aproveitados, ou usados de forma indevida, e que poderiam, realmente, ser usados de forma mais eficiente e em proveito da população, como por exemplo no SNS. A falta de médicos de família no SNS é mais uma consequência da falta de médicos que há em Portugal, em contraste com os restantes países da EU. Assim, não se pode comparar a saúde em Portugal à saúde nos parceiros portugueses na EU, há diferenças estruturais e de fundo que temos de perceber. Não se pode, pura e simplesmente, comparar Portugal a outros países da EU, e mesmo nestes, como por exemplo França e Alemanha, os seus serviços de saúde estão já diferentes, e mais próximos do que se verifica em Portugal, no que toca a direitos dos cidadãos (claro que continuam a não ter falta de médicos), devido a algo que é um facto, a crise do estado social (que não se pode negar).
Quanto ao facto de o SNS nos países de regime comunista custarem zero, é algo de que não preciso de informações, pois as que tenho já me chegam! Por favor não tente convencer-me de que os regimes comunistas são “paraísos” perfeitos, o regime comunista tem, de facto, e inquestionavelmente, as suas virtudes, mas considero que terá ainda mais desvantagens, ou factores e factos negativos. Eu li, e gostei bastante da “Utopia” de Thomas More, mas não podemos transformar a “Ilha Utopia” em realidade.
Os regimes comunistas são, além de autoritários, logo não democráticos, altamente defensores. Logo, as informações são transformadas em propaganda, e usadas da forma mais conveniente para o regime, desta forma, “podem dizer o que bem quiserem”, pois num regime comunista não há oposição capaz de fiscalizar a acção governativa.
Eu não uso o passado como arma de arremesso, uso o presente! Há oposição credível, e livre da Venezuela? Já não há um regime de partido único na China? Em Cuba, vivemos uma verdadeira democracia multipartidária, com uma oposição livre e credível, sem pressões ou ataques às liberdades individuais? Por favor não brinque com a história! Não interessa se Hugo Chaves chegou ao poder de forma livre, mas sim os atropelos que comete todos os dias às liberdades políticas, sociais etc. Deixe-me avivar-lhe a memória: sabe quem chegou ao poder de forma livre e democrática? Eu respondo-lhe: Adolf Hitler!

Deixe-me também esclarecer-lhe que a existência da metralhadoras kalashnikov espalhadas por todo o mundo não se deve, só, as máfias russas do pós Perestróika. Deve-se à Guerra-fria, e foram distribuídas pelos líderes da URSS durante décadas, de forma a fomentar as revoluções socialistas, e combater o avanço americano pelo mundo! Isto, Caro Beja Trindade, não é retórica, são factos!

Quanto ao que chama de “manipulação televisiva” eu chamo de opções editoriais, e as pessoas que refere são membros dos partidos mais representativos nacionalmente, e com que mais pessoas se identificam, logo mais pessoas estariam interessadas na sua opinião. Nunca vi “correntes de opinião sonegadas”, e a cobertura mediática dos partidos parece-me em tudo semelhante (cobrem-se os congressos de todos os partidos, as festas de todos etc), nunca vi um partido, com assento parlamentar, queixar-se publicamente daquilo que afirma ser o ostracismo da comunicação social.

Eu não considero os EUA um exemplo para nada! O berço das democracias ocidentais é a Europa, não os Estados Unidos. Se tiver o cuidado de se informar, vai verificar, que não há uma democracia na Europa semelhante, quanto ao tipo de sistema de governo ou de estado, à dos EUA. Ao logo dos últimos anos privei com alguns americanos, com quem tive oportunidade de discutir estes assuntos, e afirmo, como lhes afirmei a eles, que os EUA são, não o país das liberdades, mas sim o país das liberdades frustradas, ou trocadas.
O chefe de estado e de governo dos EUA não é eleito directamente pelos seus cidadãos, mas por um colégio eleitoral que se segue as eleições presidenciais. Não me parece que alguém, informado e consciente, considere exemplo um país onde alguém com vinte anos consegue, com muito mais facilidade, uma metralhadora pesada do que um simples maço de cigarros. Não me parece que alguém consciente queira tomar como exemplo um país que se fiz pioneiro no respeito pelos Direitos Humanos e que depois aplica a pena de morte, e tem prisões como Guantánamo!

Caro Beja Trindade, aqui não há nada escondido, há sim factos, que me parece não discordará de mim.

Um abraço.

BEJA TRINDADE disse...

Caro Pedro Melo

Para finalizar, apenas queria ver esclarecidos alguns pontos da sua intervenção.
Quando me diz que há falta de médicos, é muito vago, porque tudo tem uma explicação.
A falta de médicos acontecerá por acaso, ou haverá razões objectivas para que assim seja?
É do domínio público as pressões exercidas pela Ordem dos Médicos, junto dos governos para que este usa-se travão na abertura de novas faculdades de medicina, e subentende-se porquê.
A falta de médicos em Portugal, não se deve à crise do estado social como diz, deve-se isso sim, à má gestão e cedências do poder político a interesses corporativos que atrás referi.
Quanto ao avivar de memórias, seria óptimo também lembrar quem mais combateu de uma forma consequentemente Hitler, foram de facto comunistas, organizados tanto na resistência interna dos países invadidos, assim como,
através do Exército Vermelho, com 20 milhões de mortos.
Outro assunto a esclarecer melhor, será sobre aquilo que eu continuarei a intitular de "Manipulação Televisiva"
Então só porque os congressos dos partidos que estão fora da área do poder são mostrados de relance ou flache, já se poderá dizer que há em Portugal pluralismo na informação.
Então o que na Venezuela é antidemocrático, pelos vistos, em Portugal é democrático.
Quando diz que não viu nenhum partido queixar-se, é porque a informação não funciona devidamente.
Pergunte por exemplo ao PCP, o que lhe aconteceu num programa recente de Fátima Campos Ferreira chamado Prós e Contras.
Pergunte à CGTP o que aconteceu a um grupo de sindicalistas que protestavam contra as políticas de Sócrates, quando a sua vinda a Guimarães.
Passaram estes "pequenos" episódios na informação televisiva?
Isto para referir alguns exemplos.
As opções editoriais que refere, para mim são consideradas "As ordens do dono", e já começamos a verificar infelizmente aquilo que acontecia antes de Abril, ou seja, a auto-censura de jornalistas do corpo redactorial, caso contrário vão para a prateleira.
Agora sim, para terminar apenas lhe quero dizer, que convergimos em algumas ideias, o que já é muito bom, mas divergimos no essencial, não fosse estar em debate a esquerda e a direita.
Um abraço...

Anónimo disse...

Caro Beja Trindade

A falta de médicos deve-se a falta de formação superior que se verifica desde a muitos anos na população portuguesa. Há a necessidade, real, de formal novos e bons médicos, e desta forma temos de ter cuidado e acautelar essa situação, pois não nos podemos dar ao luxo de formar médicos em Universidades que depois vêm o seu prestigio colocado em causa (falo de algumas privadas). A “Ordem dos Médicos” é, realmente, um grupo de pressão, há até que considere que é uma réstia das antigas ordens corporativas do estado novo. O aumento dos números de vagas é uma solução, mas terá que se analisar em que Universidades poderíamos levar tais acções a cabo.

Mais uma vez, caro Beja Trindade, tenho que lhe pedir que não brinque com a História da Humanidade! Quando diz que quem mais combateu os Nazis foi o “Exercito Vermelho” comete um lapso cultural, e esquece, ou talvez ignore, um facto fundamental da História: a URSS só começou a combater os Nazis após a agressão Nazi aos seus territórios e populações. Não nos podemos esquecer que existiu um acordo, um tratado secreto entre os Nazis e os Soviéticos para o domínio da Europa, e que só se rompeu porque os Nazis o quebraram invadindo a URSS, porque da parte soviética houve um ignorar as pedidos de ajuda Ingleses e Franceses quando começou a guerra. Apesar de criticar os EUA, temos de concordar, pois a História não nos deixa negar, que sem a sua ajuda tinha sido extremamente complicado a vitória aliada na guerra. Há também algo que não podemos esquecer, o papel nas resistências na guerra, mas que sem a ajuda dos exércitos convencionais (Grã-Bretanha, EUA, URSS), pouco ou nenhum impacto teriam.

Caro Beja Trindade, não vale a pena, sequer comparar o que se passa na Venezuela a Portugal! Por acaso foi alguém preso por “desrespeito” ao Chefe de Estado em Portugal? Houve algum canal de televisão a fechar por se recusar a seguir as directrizes do regime? Têm havido nacionalizações pela força em Portugal? E a lista poderia continuar durante muita mais linhas. Não tentemos branquear uma situação que está aos olhos de todos!
Em Portugal eu recordo-me de ver, na TV e nos jornais (para além da Internet) a notícias sobre a manifestação dos sindicalistas em Guimarães, só não me parece que a Comunicação Social tenha que ver com os processos em tribunal. Quanto ao programa que refere, continuo a achar que sã meramente opções editoriais. Caro Beja Trindade, nunca soube, e acredite que sou uma pessoa muito bem informada, de nenhum partido que lhe visse negado um “tempo de antena”, este sim, o espaço dos partido políticos na televisão.

Caro Beja Trindade, quando afirmei que estaríamos de acordo não era no debate ideológico, mas sim nas opiniões que manifestei em relação aos EUA!

Um abraço, e já agora gostaria que comentasse o post, e o meu comentário, neste mesmo blogg, sobre essa figura carismática em Portugal, António de Oliveira Salazar.

Helena Antunes disse...

Só gostaria de realçar aqui uma coisa: não é de todo verdade que há falta de médicos em Portugal.
Há dois anos numa conferência sobre organizações de saúde a que eu assiti na Universidade do Minho, o Director Geral de Saúde dizia que não havia falta de médicos mas sim uma desigual distribuição de médicos. Isto é, enquanto no Litoral há muitos médicos para determinado número de habitantes, por seu turno, no Interior há escassez de médicos, não há médicos suficientes para atender toda a população que necessita de serviços médicos.

Anónimo disse...

Cara Helena

Essas declarações do Director Geral de Saúde vão de encontro ao que já disse, ou seja: a "Ordem dos Médicos" não quer que o número de vagas no ensino superior para medicina aumente muito, e dessa forma usa todas as formas para evitar que isso aconteça. Há, efectivamente poucos médicos em Portugal, de outra forma, mesmo no Litoral, não haveriam as enormes listas de espera que há. Mesmo no Litoral as pessoas tem que esperar horas e horas por uma consulta, já para não falar nas cirurgias (em que a lista de espera é de meses ou anos), e há milhares de pessoas sem médico de família.

Helena Antunes disse...

Penso que isso das listas de espera não se deve tanto à falta de médicos, talvez ineficiência da gestão médica hospitalar.
Como sabes, estive 4 anos à espera para ser operada ao nariz(faltei à cirurgia) no hospital de Santo Tirso. Um hosptital público que ambos sabemos muito bem da eneficiência médica e administrativa que para lá habita.
O meu tio(agente da PSP de Santo Tirso que tem protocolo com o Hospital da Trofa - privado) mal o médico lhe disse que precisava de ser operado(por acaso também ao nariz) foi logo no instante seguinte.
A classe médica e hospitalar, e a administração hospitalar funciona a seu bel-prazer. Safa-se quem pode e não quem realmente precisa.

BEJA TRINDADE disse...

Caro Pedro Melo

Peço desculpa, mas dá-me vontade de rir, quando afirma que para si fica salvaguardada a liberdade de informação quando se refere ao tempo de antena dos partidos, imposto por Lei(até ver).
Ou seja, espaço de quinze ou trinta minutos de tempo de antena, compensará ou equilibrará todo o restante tempo?
Veja nas entrelinhas, como muito bem sabe, o caudal imensurável da apologia do sistema: Ele é comentadores muito bem pagos, ele é programas da desgraçadinha para desviar atenções, ele é uma panóplia de mistificaçoes, se poderá afirmar que está tudo afinar pelo mesmo diapasão como antigamente, aquilo a que na gira futebolística, se poderá dizer que está tudo a rematar para a mesma baliza, uns para não perder, outros para ganhar o tacho,e tudo isto, não acontece por ingenuidade, ou por obra e graça do espírito santo.
Para lhe dar um pequeno exemplo, veja as promoções de figuras políticas que são montadas com a devida antecedência aos actos eleitorais, para referir alguns: Os debates televisivos entre Sócrates e Santana Lopes, as bem recentes amostragens televisivas e não só, em quantidade das figuras de António Costa e Fernando Negrão, como candidatos à CML, em detrimento de todas as restantes candidaturas, qual os critérios de equidade?
A que se poderá chamar estas operações?
Acontecerão por acaso?
Não me venha dizer, que não vê, ou então não quer ver.
A TUDO ISTO EU CHAMO "MANIPULAÇÃO"

Anónimo disse...

Caro Beja Trindade

Uma vez mais é a decepção! Apesar de gostar bastante destes nossos pequenos debates de vez em quando fico muito decepcionado com o rumo que as coisas levam.

Neste caso da “manipulação social”, e peço desculpa, mas parece-me que está a entrar demasiado no esquema da vitalização das forças políticas de esquerda, nomeadamente do partido do qual é membro, desta forma, se o tema continuar a ser este, por mim, encerra-se o debate!
E encerra-se o debate, não por falta de argumentos da minha parte, mas porque não vale a pena “bater sempre na mesma tecla”, por muita insistência e vigor que se coloque no “dedo”, não vale a pena...
Depois, algo que me irrita solenemente, são os exemplos descabido que são colocados, e que quando rebatido e questionados não são mais chamados à discussão, porque não interessa, talvez!

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