08 julho 2007

Imagens de Salazar

Hoje estava a ler uma entrevista feita a António Júlia Miranda (médico) de 86 anos, uma figura de grande referência em Santo Tirso, onde, entre outras assuntos, ele abordava a figura emblemática de António Oliveira Salazar.
Assim, quero deixar algumas passagens por ele referidas que não tem a ver com a opinião generalizada em relação a Salazar.

Salazar apareceu numa época em que Portugal estava em desordem económica, financeira e mental e conseguiu endireitar as finanças, estabelecer uma ordem e evitar o fascismo.

Salazar teve a habilidade de aproveitar o melhor dos monárquicos, dos republicanos, da maçonaria e dos fascistas. Apareceu na altura certa. Portugal precisava de um homem como ele.

...foi um homem inteligente, humano (até certo ponto) e bem informado. A sua actuação na guerra de Espanha foi espantosa. Contudo, António Miranda diz que também sei que foi incapaz de encontrar uma solução para o Ultramar. Diz ainda que Salazar pecou por viver demasiado preso ao passado, quando as circunstâncias do mundo mudaram.

6 comentários:

Tiago Laranjeiro disse...

Salazar aproveitou o melhor dos monárquicos? Essa é nova...

Anónimo disse...

Antes de mais gostaria de esclarecer o “blogger” que comentou antes de mim: sim, é verdade, uma das maiores influências do “Salazarismo” foi o “Integralismo Lusitano”, movimento conservador e monárquico a que Salazar pertenceu, e que influenciou profundamente os seus pensamentos políticos, os mesmos do regime que mais tarde criou. Essa não é nova...

Salazar é, inquestionavelmente, uma figura incontornável da História de Portugal. Quer se deteste quer se goste uma coisa todos temos que concordar: não se pode esquecer tal personalidade, nem a sua influência em Portugal.

No que ao texto, propriamente dito, diz respeito há coisas que não podemos aceitar de ânimo leve! Era fácil endireitar as finanças instaurando uma ditadura, e mais fácil ainda estabelece a ordem. Se Portugal precisava de um homem como ele? Pergunta difícil de responder, pois eu acho que não. Ditadores há muitos, os maus e os piores, e aqui também não é fácil classificar o homem, Salazar. Portugal precisava sim de mudar o seu Sistema Político e de Governo, torná-lo mais estável, e encontrar um rumo, não de alguém que viesse impor um Sistema Político e de Governo, bem como obrigar o país a seguir um rumo, que um homem idealizou.
A inteligência de Salazar é inquestionável, mas o uso que deu a essa inteligência é, antes de mais, muito duvidoso! Não me parece possível classificar de “humano” um homem que criou a PIDE (que levou a cabo todo o trabalho sujo do regime), e que acreditava piamente na divisão da raça humana por cores, em hierarquias raciais e sociais. Onde haviam pessoas inferiores a outra pelos simples facto de terem uma cor de pele diferente, ou terem nascido fora da “Metrópole”.
Salazar foi basicamente um ditador, inteligente a espaços, mas que desaproveitou as melhores oportunidades que existiram. A postura durante a guerra em Espanha merece elogios, bem como as políticas que livraram Portugal da Segunda Guerra Mundial, porém a postura portuguesa durante a guerra é altamente condenável: compramos ouro aos nazis, e ainda por cima não soubemos aproveitar a fragilidade económica das potências europeias para nós fortalecermos a nossa!
Para terminar quero só dizer que Salazar não estava preso ao passado, ele vivia no passado! As soluções possíveis e imaginárias para o Ultramar não as encontrou, ou antes, muito pelo contrário, dificultou a situação o mais que pode, e fez o país suportar o que não podia! A situação do Ultramar foi quase uma birra, um eterno teimar de uma situação insuportável para um país face à conjuntura mundial que se vivia.

BEJA TRINDADE disse...

Caro Pedro Melo

Cá estou eu neste tema, tal como me sugeriu.
Devo dizer-lhe que duma maneira geral, concordo com o seu comentário, contudo há um pequeno ponto com o qual gostava que me explica-se melhor, quando diz a determinada altura " a postura na guerra de Espanha merece elogios".
Com esta sua observação, é que eu discordo totalmente e é bom de ver , pois Salazar sempre colaborou com Franco na sua guerra contra os republicanos, deu cobertura a muitas operações sujas contra republicanos mesmo portugueses.
E além de mais não compreendo o seu comentário contraditório , quando descreve uma global acção negativa de Salazar e enaltece a sua postura na guerra civil de Espanha, sinceramente não compreendo este "volte face".
Salazar foi como sabe um ditador implacável, mas, ele não estava isolado, ele representada a cabeça de todo um sistema oligárquico conservador, com destaque para a igreja católica e toda uma panóplia de organizações patronais do exército, etc.

Parabéns...

Anónimo disse...

Caro Beja Trindade

Percebo a sua preocupação pela frase: “A postura durante a guerra em Espanha merece elogios”, e devo admitir que não foi muito bem conseguida para o sentido que pretendido! Com esta frase não queria, como é lógico, enaltecer a amizade entre Salazar e Franco, as atrocidades que ambos cometeram dos dois lados da fronteira, a postura ditatorial e autoritarista etc.
O que se pretendia era, de facto, enaltecer que Salazar foi capaz de manter Portugal pacificado, não deixou chegar até nos a guerra, mesmo quando ela estava mesmo ao nosso lado, e não tínhamos para onde fugir, a não ser o mar! Claro que as políticas portuguesas da época, nomeadamente de colaboracionismo com Franco (durante a guerra e após a guerra) são mais do que condenáveis, o único elogio é mesmo o facto de manter afastada a guerra.

Espero ter esclarecido a sua dúvida, e tranquilizado o seu espírito. Já agora, queira por favor explicar-me o porque dos “Parabéns”, não percebi!

Anónimo disse...

Caro Pedro Melo

Quanto aos porquê dos"Parabéns" enviados, é bom de ver.
Estou habituado a ouvir pessoas de direita comentar
Salazar como um mal menor.
Contudo verifico no seu comentário que condena esse regime de má memória, o que para mim é muito significativo.
Desconheço a sua idade, mas, presumo que seja jovem, daí a razão dos meus "Parabéns".

Anónimo disse...

Caro Beja Trindade

Desde já o meu muito obrigado.

Seria completamente contra os meus princípios afirmar que Salazar foi um mal menor, pois sou um democrata antes de qualquer outra coisa, depois, quem fez o que fez com Portugal, e os portugueses, durante tantos e tantos anos não merece que se diga nada de bom a seu respeito.

A propósito, tenho 23 anos.

Um abraço.

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