20 julho 2007

Transformação identitária de 5 cidades portuguesas (IV) - Guimarães



A cidade berço

Guimarães é o berço da Nação portuguesa. (...) Guimarães como o berço da nacionalidade, não consiga exprimir a complexidade histórica que inevitavelmente rodeia o nascimento de uma nação, reveste-se de um expressivo significado simbólico. É, numa das suas dimensões representacionais, uma cidade histórica que ganha significado a partir dos episódios ligados à fundação da Nação que ocorreram na cidade. a ligação umbilical ao momento fundador da Nação faz com que Guimarães reclame "um prestígio histórico único no país pelo seu passado e pelas preciosidades que desse tempo guarda." Este significado histórico faz com que a cidade honre a sua reputação de berço de uma nação celebrando anualmente alguns dos marcos históricos mais significativos da história do país. "Comemorações do dia 24 de Junho - dia um de Portugal", em que se celebra a batalha de São Mamede, às "Comemorações do 1º de Dezembro", em que é louvada a Restauração da Independência e prestada homenagem à estátua de D. Afonso Henriques (...) Guimarães promove e rememora anualmente a sua identificação à história nacional. Apesar disso, nas monografias históricas as festividades que se salientam como as mais representativas da cidade são as Festas Gualterianas, em honra de São Gualter, o patrono da cidade, e as Nicolinas que são as festas dos estudantes de Guimarães.

Não obstante a centralidade dos traços identitários de cidade histórica nos discursos representacionais da cidade, e a despeito de D. Afonso Henriques ser indiscutivelmente a principal personagem histórica vista como identificadora de Guimarães, a "Cidade Berço" é, numa outra dimensão representacional, uma cidade industrial. (...) Os têxteis e as cutelarias e, mais recentemente a indústria do calçado e dos plásticos, conferem a Guimarães uma imagem de cidade industrial, onde predominam "impressionantes gestos de afirmação bairrista" característicos das sociabilidades operárias.

Guimarães parece assim cruzar com igual pendor uma dimesão representacional de cidade histórica - o lugar a partir do qual Portugal se tornou uma nação independente - com uma dimensão, mais recente, de cidade industrial - "a cidade que veste o país". (...) Guimarães como a cidade que "deverá constituir o exemplo para a maior parte das cidades portuguesas, no que respeita à articulação entre economia e cultura, entre passado e presente". Porque "sendo das cidades mais laboriosas, não deixa de ser das mais ricas do ponto de vista patrimonial e cultural".

IV Congresso Português de Sociologia

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