A cidade dos arcebispos
...a cidade confirma o seu estereótipo de "a cidade que reza", a "cidade dos arcebispos".
A conhecida expressão"mais velho que a Sé de Braga" permite-nos identificar os dois principais traços identitários que sobressaem da análise monográfica. a "velha, muito considerada e antiquíssima cidade de Braga" é, primeiro que tudo, representada como uma cidade histórica. a omnipresente vetustez bracarense apresenta-se como o paradigma da antiguidade portuguesa(...) Por outro lado, é uma cidade histórica marcada pela religiosidade desde que em meados do século XI se tornou a terra dos arcebispos, denominados "Senhores de Braga"(...) Não é só a Sé de Braga que aparece nas monografias como um dos principais símblos da cidade, assim como o Santuário do Bom Jesus, é também a importância que os arcebispos assumem enquanto personagens históricas e o facto de Braga ser a cidade portuguesa que celebra a Semana Santa com mais esplendor e sumptuosidade.
Braga é também a cidade que se orgulha de ser a capital de uma Região (a "Província do Minho") onde a história de Portugal viu escritas algumas das suas mais belas páginas de heroísmo. (...) a cidade reclama o seu lugar de palco de alguns dos principais e mais intensos acontecimentos que talharam a história de Portugal. A vetusta e religiosa Braga é, na história portuguesa, um timbre de conservadorismo. (...) A dimensão tradicionalista da cidade estende-se ainda às inúmeras romarias populares que representam o Minho como o repositório do carácter genuinamente português.
Mas a Braga que, nos princípios da última metade do século XIX era uma cidade provinciana, praticamente isolada, sofreu, por essa altura, o abanão do progresso. As estradas que a puseram em contacto com o Alto Minho, o litoral nortenho, as cidades transmontanas e o Porto desenvolveram subitamente o comércio e a indústria, difundindo assim uma nova imagem da cidade que vai ganhando terreno à imagem da cidade histórica e religiosa. Este confronto de imagens é também um confronto entre velhos e novos símbolos em que os primeiros vão perdendo visibilidade em relação aos segundos. A evolução recente de Braga revela, aliás, que não há modernização urbana sem a imposição de novas marcas simbólicas. (...) A Braga moderna, comercial e industrial, é simbolicamente representada pelos têxteis, as confecções e a construção civil(...)e é este crescimento urbano que se constitui como um dos seus traços identitários mais recentes e marcantes.
...uma das imagens mais negativas da cidade resulta deste crescimento urbano recente. Outra imagem negativa da cidade presente nas monografias históricas advém-lhe das características dos seus habitantes, algumas vezes acusados de se consagrarem excessivamente ao luxo e às suas vidas privadas e de não serem coesos nem se identificarem à cidade.
IV Congresso Português de Sociologia
4 comentários:
Braga é uma das, se não a mais, antiga cidade deste país. Mesmo antes de existir Portugal, Braga já existia à alguns Séculos.
Portugal nasce em 1143, pelo tratado de Zamora, quando D. Afonso Henriques sobe ao poder, derrota a mãe e o avô e consegue obter, da “Cúria Romana”, a Independência da Nação Portuguesa. Portugal, pela palavra do seu soberano, D. Afonso Henriques, comprometem-se com a “Santa Sé” em seguir e respeitar os ideais católicos, bem como propagar a fé cristã, sem nunca desobedecer aos representantes divinos na terra, ou seja, a “Santa Sé”, ou a “Cúria Romana” e só desta forma obtém a independência .
Braga nasce alguns séculos antes de Portugal, mais propriamente, segundo se acredita, no Século II a.C.
Aquando da conquista da Península Ibérica pelos romanos, Braga surge como capital da província romana mais importante da península. É “Bracara Augusta”, capital da “Gallaecia”. A História de Braga vai continuando pelos anos, pelas décadas e pelos Séculos, sendo a cidade alvo de sangrentas batalhas, conquistas e disputas, sendo sempre umas das cidades mais importantes da Península Ibérica, bem como umas das suas capitais.
Braga evolui, após a fundação da “Nação Portuguesa” como capital religiosa do Império português, cidade de fé e religião que lhe conservaram sempre um traço de misticismo e tradicionalismo.
Na actualidade Braga vive o fulgor de uma cidade moderna e jovem, uma das mais jovens de toda a Europa. É a capital do Minho, e é um dos melhores exemplos do que o Minho oferece: tradição e modernidade, natureza e urbanismo. Braga é o espelho de um país, ainda muito preso à tradição, mas também em pleno Século XXI, jovem e moderno, onde podemos rapidamente passar de uma cidade em crescimento e expansão urbana, para a pacatez da natureza, numa das serras que circundam a cidade.
caro rui pedro melo:
exemplo de urbanismo???de natureza??estaremos a falar da mesma cidade de Braga??
Caro/a Salem
A frase: “...é um dos melhores exemplos do que o Minho oferece: tradição e modernidade, natureza e urbanismo” pretende explicar a quer lê, que Braga é, não um exemplo a seguir de “ natureza e urbanismo”, mas sim um (dos muitos que poderia dar) exemplo do que poderemos encontrar no Minho.
Braga vive um urbanismo desenfreado, que torna a cidade feia e descaracterizada, mas que cidade portuguesa, ou minhota, não o é?! Este era o sentido que eu queria dar a frase, como alias fica bem claro no parágrafo seguinte.
Quando falo em “natureza” confesso que pensava no “Bom Jesus”, ou no “Sameiro”, bem como nas proximidades de Braga (Gerês ou Montalegre), e neste aspecto Braga tem a “natureza muito mais próxima”.
Braga não é um exemplo, a seguir por ninguém, neste aspecto do “urbanismo”, porém parece-me inegável que é um exemplo do país.
Espero ter deixado mais claras as minhas ideias.
Braga não é a cidade mais antiga de Portugal, a mais antiga é Coimbra.
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