05 janeiro 2008

O problema de se ser uma minoria...

Ontem comemorou-se o Dia Mundial do Braille. E o que continuamos a assistir em Portugal?

Escolas sem professores com formação em braille.

Assim sendo, o Jornal de Notícias de hoje revela-nos:

A Associação de Cegos e Amblíopes (ACAPO) lamenta que, 78 anos depois da oficialização do braille em Portugal, os alunos com deficiência visual tenham iniciado o ano lectivo sem professores com formação nesta área.
Segundo a ACAPO, é imprescindível o conhecimento do braille por parte dos professores de Educação Especial, para que estes profissionais possam desempenhar adequadamente a sua função junto dos alunos e estes, por sua vez, tenham um bom percurso escolar e de forma igualitária com os restantes colegas.
A associação, lembrando o Dia Mundial do Braille, que ontem se comemorou, chama a atenção para a "autonomia e independência" que este código de escrita e leitura proporciona às pessoas com deficiência visual, pelo que "é fundamental aprendê-lo e, por conseguinte, haver quem o ensine". Acrescenta a ACAPO que, apesar da importância desta ferramenta para a autonomia, mais uma vez, neste ano lectivo, os alunos de vários níveis de ensino terem professores de apoio sem formação em Braille. A mesma organização refere que tem tentado junto do Ministério da Educação resolver o problema, propondo ser ela própria a ministrar tal formação. No entanto, alega não ter recebido qualquer resposta.

A Escola é pensada para as maiorias. As minorias (sejam elas os invisuais, as minorias étnicas, os deficientes, entre outros) são discriminadas. O aluno que é diferente é posto de lado ou tratado como os outros. A Escola não leva em conta as suas especificidades, as suas carências e dificuldades.
Depois vem o insucesso escolar. Porque será?


Muitos professores dizem não estarem preparados para responder à diferença. Ainda que seja um dos seus deveres profissionais, podem ter direito de continuar a não cumprir tal dever. Dizem não possuir formação para diversificar aprendizagens, mas nada fazem para repensar a organização da sua escola, de modo a dar resposta à diversidade. Não estão preparados, mas não buscam preparar-se. Não têm formação, nem a providenciam. É mais fácil o faz-de-conta dos "planos de recuperação". É mais fácil excluir do que humanizar a escola. O problema da escola fica resolvido. Ficará resolvido o problema dos alunos? Ficará resolvido o dos professores?
Professor José Pacheco, 2006

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