13 dezembro 2007

Ainda sobre a Cimeira UE - África

Felizmente para nós os líderes africanos cresceram! Ou pelo menos alguns deles! Ou se calhar só mesmo uns dois ou três. Mas mesmo assim quero-me referir aqui a esses homens visionário... que se apareceberam que a História se re-escreve a cada dia... a história passada está lá atrás... o que interessa agora... o que interessou neste fim-de-semana foi essa história como movimento social, económico,político e até cultural.... Essa "história movimento".

Outros líderes africanos continuam parados naquela "história passado". Pararam no tempo e continuam a achar que a UE representa os interesses das potências colonizadoras... esquecendo que essas potências colonizadoras se tornaram ex-colonizadoras há pelo menos trinta anos... E para vergonha da nossa história patriótica, Portugal foi o último país a abrir mão do "seu" mundo ultramarino!

Nesse mundo milhões vivem ostracizados por governos despóticos. Por governos que violam a cada dia e com mais veemência os Direitos Humanos. Estes e muitos outros factos estão certos e preocupam-nos. No entanto, a "história passado" mostra-nos que não há nenhum "bom" cavaleiro andante capaz de do dia para a noite transformar governos despóticos, nepóticos em governos democráticos [como os nossos amigos americanos fizeram crer ao mundo quando invadiraram o Afeganistão e depois o Iraque]... Essa mundaça tem de partir de baixo, tem de partir de dentro.

Deixemos África entregue aos africanos - sem paternalismos! Que mostraram nesta cimeira - salvo raras excepções - que são capazes de levar o continente para a frente. Para isso a UE [e o mundo ocidental] tem de perceber que o "mundo africano" não é o "mundo ocidental", África é um outro mundo que funciona com o seu próprio ritmo! Ritmo esse que lhes permite tomar más decisões é certo [mas a UE também cresceu a errar!], mas outras boas e importantes decisões. Entre estas destaca-se o não redondinho que o líder senegalês deu à UE [personificando ele a voz da maioria dos governos africanos] em relação aos APE... O actual sistema de acordos bilaterais não funciona, mas África tem uma palavra a dizer sobre esses acordos... Não pretende levar nenhuma lição desses sabedores senhores que, conjuntamente, com a OMC desenharam e projectaram os ditos acordos sem ter perguntando à UA o que pensava sobre o assunto.

Bárbara Cunha, em Por um Mundo Melhor

3 comentários:

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Estabeleci uma ligação com o seu post sobre os crimes do Porto!
Abraço

BEJA TRINDADE disse...

Concordo totalmente com este comentário de Bárbara Cunha.
Realço quando diz:"Deixemos África entregue aos africanos-sem paternalismos" entendo que esta frase diz tudo.

Parabéns...

Anónimo disse...

Concordo em grande parte com o que aqui foi escrito. Mas gostaria só de completar uma ideia que parece latente no texto, mas nao foi conretizada. É verdade que não existem "bons cavaleiros andantes", nunca existiram nem nunca existirão. Existem antes uma série de países nao africanos que olham para os líderes despóticos de África como aliados estratégicos no saque da riqueza que se encontra no subsolo do continente mais pobre do globo. Preocupações com os direitos humanos, com as liberdades das populações não são mais do que manobras de retórica que visam vender uma falsa imagem ao mundo, enquanto que na verdade o apoio aos líderes despóticos corresponde a uma grande fatia do orçamento de cada país dito desenvolvido. O que era realmente importante era que todos os líderes europeus olhassem para África de uma forma séria e responsável. Procurassem concretizar negócios favoráveis para si, mas também para o povo africano, e nao exclusivamente para os seus líderes como acontece hj em dia. A Europa, pela sua tradição democrática e pela matriz moral e social que possui deveria dar o exemplo e desempenhar um papel vigilante nessas negociatas, denunciando toda e qq atitude que colocasse em causa o crescimento de um continente e a melhoria das condiçoes de vida de um povo.

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