27 dezembro 2007

Salazar e Portugal...

“Salazar pôs isto na ordem e agora já não sabemos fazer a democracia outra vez. Estamos estrangulados. Mais: se não é a UE, há muitos anos que não vivíamos em democracia. (...) O país prosperou sempre mais com regimes de autoridade.”

Pedro Arroja, Visão (Tirado de O Público)

9 comentários:

Anónimo disse...

Confesso que não li o artigo, mas compreendo o sentido perturbador da sua mensagem. Porém, a adesão à UE era inevitável, assim como a evolução para a democracia (que ao contrário do que aconteceu em Espanha, se fez por meio de uma revolução). O conservadorismo retrógado e o ultraprogressismo são duas linhas constantes ao longo da evolução histórica em Portugal. A questão não se deve colocar, todavia, no facto de ser-mos mais ou menos desenvolvidos com regimes autoritários (o que é um anacronismo) mas sim: quais os desfios que a adesão de Portugal à UE comporta.

Helena Antunes disse...

Caro Luciano, também não li o artigo. Vi esta frase no site do jornal O Público.
A mim o que me preocupa é o porquê de ultimamente as pessoas apelarem tanto a memórias do Estado Novo, mais concretamente da figura de Salazar. Penso que as pessoas hoje estão muito desacreditadas em relação aos destinos do país, não confiam nos políticos, nomeadamente nos que estão no poder central. Há falta de coesão colectiva, perdeu-se o patriotismo que tanto caracterizaram o Estado Novo.
Estamos perante défices orçamentais, quedas bruscas do PIB, do PNB, desemprego cada vez mais elevado. O país anda desacreditado...
A democracia não é usada nem valorizada devidamente...
Porque esta constante lembrança à figura de Salazar? Porque ganhou ele o concurso dos Grandes Portugueses?

BEJA TRINDADE disse...

O que o senhor Pedro Arroja faz é simplesmente um apelo descarado à ditadura.
Agora começam haver muitos "corajosos e destemidos" a reivindicar-se de salazaristas.
Parafraseando Batista Bastos, "onde estava este senhor Pedro Arroja no 25 de Abril?"
Com tal discurso este senhor vai certamente subir na hierarquia do jornal.

Anónimo disse...

Acho que não devemos valorizar exacerbadamente esse revivalismo. Até que ponto não será mais uma onda propolsionada pelos media? Também não acho que os fascistas que restem sejam suficientemente corajosos para o assumirem (ou então nem os próprios sabem ao certo o que são!). Quanto às ansias do povo, são um indicador mas, como disse H. Coing: «Nem tudo o que é bom para o Povo é Direito, mas só o que for Direito será bom para o Povo». Basta! Por isso, o artigo de P. Arroja, tem o valor que tem, num época de superavit de informação.

Sara 99 disse...

Não conheço o artigo e por isso não posso falar muito. Mas desde já parece-me um absurdo descomunal dizer que "O país prosperou sempre mais com regimes de autoridade."... Como não li o artigo, gostava de saber quais os argumentos para tamanha afirmação!? Mas duvido que sejam aceitáveis!!

Enfim, há teorias para tudo...

Anónimo disse...

Apesar de, também, não conhecer o artigo chega-me esta frase para ficar absolutamente atónito com as palavras deste “senhor”. “Salazar pôs isto na ordem...”, pois realmente era complicado não pôr isto na ordem da maneira que as coisas foram feitas! E que ordem é esta? Portugal deveria ser a “oitava maravilha do mundo”, um país de analfabetos, onde as liberdades eram mínimas, um “Estado” xenófobo e racista, que colocava nos cidadãos uma mordaça, com o risco de quem a tirasse ficar irremediavelmente condenado a torturas, prisões ou deportações. Uma “ordem” que levou o país para a guerra, que conduziu milhares para a morte ou flagelação, e que ainda hoje se sente na sociedade, com os traumas que muitos antigos combatentes ainda conservam, e que lhes perturbam a vida normal. E tudo isto porquê? Porque o homem que “pôs isto na ordem” era teimoso, casmurro, e vivia num “casulo” de decadência e estagnação, a que condenou um país inteiro.
Prosperar, pelo menos da última vez que consultei o dicionário, não significa ter um país como foi o nosso durante o “Estado Novo”, não se pode prosperar com um país em guerra, com uma população analfabeta, com as liberdades individuais amordaçadas, etc. A última vez que consultei um dicionário prosperar era o contrário de estagnar, e, do meu ponto de vista, é isto que os “regimes autoritários” fazem aos países, condenam-nos irremediavelmente a uma estagnação a todos os níveis, condenando, desta forma as duas populações.
Salazar é uma figura incontornável da “História de Portugal”, de boa ou má lembrança isso já é outra conversa. Esta figura ainda está muito presente nas recordações dos portugueses, mais uma vez digo, as recordações podem ser boas ou más, mas que existem, existem. Salazar, do meu ponto de visto só ganhou os “Grandes Portugueses” porque é uma figura relativamente recente da história de Portugal, e que, de facto, marcou muitas gerações, e é como figura importante da história do país que devemos encarar esta vitória. Não me parece que essa vitória marque um qualquer “sentimento saudosista” do país face ao homem, mas sim que o país ainda se recorda, que ainda sabe quem é, quem foi e o que fez, e não me parece que seja recordado como quem “pôs isto na ordem”. É importante que não esqueçamos Salazar, pois como alguém uma vez disse: “quem não conhece o passado, está condenado a repeti-lo”, e Portugal não quer nem precisa de tal coisa.

Sérgio Costa disse...

A linha dos acontecimentos foi a seguinte, 4 tipos de constituições que vão dar a um fim bizarro e lógico:
Tinhamos a monarquia cuja continuidade era feita por um fio genético. Esta prática não agradava a todos. Veio então a Aristocracia que todos conhecemos. Aparece entao a Timocracia, uma degeneração da aristocracia, que se preocupava fundamentalmente com a honrra.
É nesta fase que se dá um movimento bizarro, onde a honrra foi trocada pelo dinheiro. Seguia-se então a Oligarquia. O que se cria nesta epoca era dinheiro... E como todos queriam ser ricos e ter direito aos cargos politicos, surge inevitavelmente a Democracia.

A democracia tem os seus lado benéficos. Sem qualquer duvida! E condeno de todo frases como esta:"Salazar pôs isto na ordem". É de todo mentira. Por outro lado, a democracia tem enormes lacunas que permitem a existencia de grandes diferneças sociais. Mas se alguem souber de outra teoria politica melhor que a democracia, força, digam! Acho que de todos os regimes, a democracia a continua a ser a mais "igual".

Paula disse...

Confesso que também nao li o artigo em questão, mas seria impossivel não comentar esta afirmação.
Antes demais temos que recordar a conjuntura politica em que Salazar governou, em que uma grande parte da fortuna do estado vinha das colonias e, mais tarde, com a guerra e o facto de portugal nao ter entrado xegou aos cofres do estado muito ouro.
Outro facto a relembrar é a inexistencia dos regimes de segurança social, tal como sao hoje, a falta de cuidados medicos, as proprias escolas que eram apenas frequentados por algumas pessoas e muitas delas ate à quarta classe, o analfabetismo nas classes mais baixas se a tudo isto e muito mais se chama prosperar, não sei o que sera hoje em dia. Claro que existe um elevada taixa de desemprego, o defice orçamental a queda do PIB, o aumento da inflação e tudo o resto, mas tambem não se tinha metade das coisas que actualmente temos.
As pessoas estao triste e não acreditam na politica mas tambem um pouco pelo que passa na comunacação já que so se fala no que esta errado, deviamos tentar passar aspectos positivos. Já que não é com um novo regime ditaturial que se vai melhor de certeza, tem que existir é mais participação das pessoas na vida politica.

AGRY disse...

Uma espécie de curiosidade mórbida, trouxe-me até aqui apesar de ontem me ter recusado a fazê-lo.
Fiquei, como todos, atordoado com a afirmação salazarenta dum tal Arroja.
Entretanto, tive o cuidado de ler a entrevista. O que me pareceu?
Um xicoesperto como quase todos os empresários que prosperam de um dia para o outro. È da “família” do jardim madeirense. Nenhum deles é tolo!
São uma espécie de neo-fascistas de tipo novo. Novos-ricos para quem tudo vale para ganhar protagonismo e, sobretudo, dinheiro, muito dinheiro
Estas atordoadas têm muito a ver com a deliberada preocupação de ganharem visibilidade. E eu, como muitos, aqui estou a fazer o jogo do inimigo, isto é, do Arroja e companhia
Bom Ano para todos

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